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FICHA TÉCNICA
MY BODY IS THE ROCK´N´ROLL TEMPLE
250 x 250 x 170 cm
cartão, panocrú, esferovite, ramo de oliveira, velcro, madeira, fioeléctrico e lampada de 40w
4 colunas audio sobre suportes de madeira,
amplificador e leitor audio, dur: 10.18 min,
2011
(EMPTY CUBE 300 x 300 x 300 cm; distância às primeiras colunas audio 200 cm)
participação de:
antónio simão,
alexandra viveiros,
francisco queirós,
francisco soares,
rita rocha
créditos:
ggallin at the jane whitney show, 1993;
watch me kill - ggallin with the criminal quartet. carnival of excess, 1995
agradecimentos:
alexandra viveiros,
alice geirinhas,
ana cristina,
antónio simão,
sérgio duarte,
e um mais que especial ao francisco soares.
nancy dantas e carlos marzia - marz galeria
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>posters / desenhos:
my body is the rock´n´roll temple
tecnica mista sobre serigrafia,
dim: 66 x 50 cm,
ed. de 18 assinados e numerados,
2011
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die v.2
video> kneecam nº1 - the original Techoviking tape from 2000 @youtube
audio> anamalhoa - "borboletas" @ praça da alegria. 12 denovembro de 2009 @youtube
dur: 3.28 min
2009 - 2011
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O projecto que Francisco Queirós apresentou no EMPTY CUBE encontra-se na fronteira de uma variedade de linguagens plásticas, visuais e performativas, concretizando-se numa única apresentação teatral, próxima da prática da "marionette portée".
Esta acção, que contou com a participação de Francisco Soares, foi composta por uma projecção vídeo (uma adaptação e apropriação de um vídeo "online" de Technoviking filmado durante um desfile pelas ruas de Berlim), uma reduzida edição de 18 cartazes originais destinados a serem recolhidos pelo público, e a representação in situ de uma adaptação teatralizada de um talk show em que é entrevistado Kevin Michael, conhecido como GG Allin (Jesus Christ Allin, 1956-1993), um músico norte-americano de tendência punk conhecido pelas suas acções provocativas, extremistas e transgressivas.
O ambiente criado pelo artista para a sua apresentação durante breves minutos revelou uma cuidadosa atenção aos mecanismos de exposição, comunicação e recepção de eventos com o público. Queirós accionou todos os dispositivos que constituem o EMPTY CUBE enquanto projecto efémero que estabelece uma relação directa e performativa – com uma duração limitada – entre o público e o projecto artístico.
No seu trabalho, Francisco Queirós constrói meta-narrativas em que cruza a magia ficcional (por vezes próxima de um conto infantil) e acasos episódicos, ou histórias, associados à cinematografia – em subgéneros como o cinema de animação, o fantástico, o thriller – ou à banda desenhada. Recorrendo a diferentes meios de produção como o desenho, o vídeo e a instalação, o artista cria efabulações irónicas, por vezes de aparência transgressiva, em que uma inocência cruel e despojada nos confronta com os limites da representação do corpo, da sexualidade, da liberdade e da ética.
“MY BODY IS THE ROCK’N’ROLL TEMPLE” estabelece um confronto entre diversas gradações da produção de sentido e formas da linguagem, questionando o imaginário colectivo presente no talk show como paradoxo da comunicação. O vídeo que antecedeu a apresentação teatral consistia na projecção de um video clip, retirado da internet, com a banda sonora de um talk show da televisão portuguesa que incluía a interpretação de uma música da artista Ana Malhoa. A montagem sonora, apesar de o género musical ser diferente do ritmo techno do original, apresenta a chave conceptual de todo o projecto. Francisco Queirós cruza tipologias e significações diversas, recolocando perante o espectador géneros que evidenciam a trajectória da espectacularidade como meio aglutinador de uma arena indiferenciada de público, independentemente de critérios éticos ou morais (reactivando aqui as reflexões de Guy Debord sobre a cultura de massas e as condições do mercado do espectáculo), mas afastando-se do simples comentário literal, panfletário ou manifestamente político. A representação teatral, num primeiro momento como uma instalação visível através da estrutura do espaço construído do EMPTY CUBE, era composta por uma mesa onde estava a marioneta e um texto que servia de guião para a representação e simultaneamente apoiava Francisco Queirós na sua fala em playback. Toda a acção foi desenvolvida em função da movimentação da marioneta (por Francisco Queirós e Francisco Soares, que accionavam cada um dos braços e por vezes o corpo desta), uma figura estilizada sentada numa cadeira de rodas, sendo o todo construído com materiais pobres e sem qualquer adereço de vestuário. A peça de teatro desenvolveu-se fora do espaço do cubo que acolheu o público compactado, como se estivessem dentro de uma jaula. A relação entre o conteúdo da entrevista, a encenação e a plateia (como uma arena?) revela a estratégia de hibridação e ambiguidade que Queirós utiliza para trabalhar as diversas codificações da linguagem, os seus canais e meios de difusão e a relação do espectador com a imagem e a sua significação.
João Silvério Abril 2011
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