Rui Calçada Bastos foi o primeiro artista convidado a realizar uma obra especificamente para ser difundida por e-mail pelo EMPTY CUBE. Esta obra em formato digital tem como referência um original em papel com as dimensões de 30 x 30 cm, numa edição de trinta exemplares e duas provas de artista.
Sala Técnica
Em Untitled 2011 Calçada Bastos responde a uma questão específica: como representar através de uma única imagem um determinado contexto, neste caso o projeto EMPTY CUBE e as suas variáveis, tais como o espaço cúbico (de planta quadrada) ou a sua notação experimental e transitória. A imagem, um quadrado composto por pequenos quadrados coloridos – recorda-nos uma parede revestida a mosaico – tem no centro uma legenda em letra branca sobre fundo vermelho que diz “Sala técnica”.
A miríade de pequenos quadrados é indício de uma lógica fragmentária que ilude o nosso olhar sobre a superfície do objeto fotografado, como se perscrutássemos essa pele que corporaliza o que foi fotografado como possibilidade de representar o que pode ser esse registo como imagem trespassada por uma ação poética que quer enunciar e projetar uma outra instância do real.
Ou seja, a utilização da metáfora, que aparentemente está inscrita no centro da imagem (a referência a uma sala técnica onde se fazem acertos, correções, experiências e se desenvolvem processos de trabalho) encontra-se materializada em cada fragmento, que se reproduz na forma mas se expande infinitamente. Como se se tratasse de uma rede, ou de uma câmara anecoica visual, sobre a qual o olhar perdura e se reposiciona na legenda referencial ou semiológica.

João Silvério
Maio 2012

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