JOÃO PAULO SERAFIM
DEZEMBRO 2015

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FICHA TÉCNICA
A Invenção da Memória, 2015 
[AIM #2003]
63x83 cm
Impressão jacto tinta em papel de algodão


 

João Paulo Serafim foi o quinto artista convidado a realizar uma obra especificamente para ser difundida por email pelo EMPTY CUBE. Esta peça é originalmente uma fotografia impressa com a seguinte ficha técnica: A Invenção da Memória [AIM #2003], de 2015, com as medidas 63x83 cm, impressa a jacto de tinta sobre papel de algodão, numa tiragem de cinco exemplares numerados e duas provas de artista.
A imagem que o artista escolheu para este projecto está estreitamente ligada a uma lógica documental, e contudo ficcional, em que reconhecemos arquivos, por vezes identificados, vitrinas que apresentam livros e outros objectos que o artista convoca sob um tema relativo à investigação que desenvolve nesse momento, bem como espaços com uma determinada carga histórica e simbólica. Na sua obra paira uma aura aparentemente romântica, como se estivéssemos a revisitar o tempo de Friedrich Wilhelm von Humboldt ou dos enciclopedistas Diderot e d’Alembert. Mas esta aura que João Paulo Serafim faz sobressair das imagens não é refém de qualquer sentimento nostálgico ou de perda relativo a um tempo histórico, sendo antes uma (re)interpretação sistemática e contínua da ideia de arquivo enquanto leitmotiv da história das ideias e das imagens, que nos é transmitida pela composição e pela luz melancólica das fotografias que cria. E é precisamente este o caso da obra que o EMPTY CUBE difundiu: representa uma caixa de transporte de obras de arte, identificada pela empresa que a construiu, e fotografada como se fosse a obra que pode eventualmente conter. Mas a caixa sobrevive também a essa ideia de melancolia enquanto metáfora de um contentor que percorre a sua jornada transitória destinada a preservar nesse percurso a obra, ou obras, destinada à fruição e ao olhar do público. Desse itinerário ficará certamente uma memória, fragmentária ou reinventada em cada momento em que for utilizada.
De certa forma, é um retrato clássico: a figura central, o fundo equilibrado entre a luz e o negrume que lhe dá profundidade e a forma quadrada que está na base da figura geométrica do cubo. A sua transitoriedade, tal como a caixa, reconhece-se no caminho deste projecto artístico, em que o tempo acompanha a geometria espacial que o define.

João Silvério
2015